Garimpeiros na TI Munduruku ameaçam indígenas e defendem marco temporal
18 janeiro, 2025
A retirada de invasores da Terra Indígena Munduruku teve início em novembro e segue sem data para terminar, segundo o governo federal. Indígenas denunciam ataques e ameaças de novas invasões, temendo o que pode ocorrer após o término da operação.
Máquinas e dragas para extração do ouro queimadas, helicópteros em constante sobrevoo, agentes de 20 órgãos federais espalhados pelo território: esse é o cenário dentro da Terra Indígena (TI) Munduruku, no Pará, há mais de um mês. Desde 9 de novembro, o governo federal lidera uma operação de retirada de invasores, principalmente garimpeiros, do território demarcado em 2004 um processo conhecido como desintrusão.
O coordenador da operação, Nilton Tubino, assessor da Casa Civil, disse à InfoAmazonia que a operação não tem data para acabar e está passando por todo o território. “A gente sabe que ainda tem maquinário que foi escondido na mata, que foi enterrado. Então, isso vai demandar um processo mais longo, depois vamos passar um pente fino em tudo”, explica.
De acordo com Tubino, foram registradas ameaças por meio de aplicativos de mensagem. “Eles [garimpeiros] dizem coisas como ‘depois a gente vai se acertar’, meio que falando que, depois da operação passar, eles [indígenas] vão ficar lá.
Então, eles vão ficar mais expostos, né? Como a operação não tem um prazo definido para terminar, isso entra num desgaste para eles [indígenas] também, porque não é uma operação de uma semana”, explica.
A operação na TI Munduruku foi determinada por meio da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 709, ação judicial proposta pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) no Supremo Tribunal Federal (STF).
Um dos pontos da ação é o pedido de desintrusão das terras indígenas Uru-Eu-Wau-Wau, Arariboia, Kayapó, Yanomami, Karipuna, Munduruku e Trincheira Bacajá, sendo que as últimas quatro já passaram por esse processo. Nilton Tubino coordenou as operações em todas elas. No caso da TI Munduruku, ele afirma que a maior dificuldade é logística, devido à extensão do território.
Por Jullie Pereira
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